ARTISTA PLÁSTICA DE BH INAUGURA INSTALAÇÃO QUE TRANSFORMA MINÉRIO EM ARTE NO MUSEU MINEIRO

Na sexta-feira (8/3), o Museu Mineiro abriu suas portas para a artista plástica Ana Elisa Murta e sua instalação “Jardim mineral: o avesso da terra”. A obra inédita celebra a essência mineral de Minas Gerais e a sabedoria de um povo que retira os recursos da natureza respeitando os limites e os ciclos da própria terra. A mostra fica em cartaz até 5 de maio e tem entrada gratuita.

A estreia no Museu Mineiro acontece após uma bem-sucedida temporada da artista em Londres com “Colour Diving”, inspirada na conexão com o divino e na busca pelo sentido da vida. A realização é do Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult).

A instalação “Jardim mineral: o avesso da terra” reflete uma profunda comunhão da mineira Ana Elisa Murta com sua terra natal. O ambiente é dividido ao meio por duas instalações dependuradas ao centro, de dimensões impressionantes, com quase 10 metros de comprimento, que foram criadas esticadas no chão, trazendo micromundos minerais em frações, e coexistem com obras menores, em formato quadrado – todas são inéditas.

As telas exibem cores naturais dos minérios, em tons de ocre. Ora amarelados e alaranjados, ora avermelhados e terrosos, em variadas texturas, as tonalidades retratam não apenas a beleza, mas também evidenciam as vastas possibilidades e a magnificência dos recursos naturais disponíveis.

A tinta utilizada é resultado de um processo metamórfico de rochas transformadas em pó, acrescido de óleo de linhaça, e foi empregada a técnica da monotipia com pequenos galhos de vegetação. O percurso por esse jardim mineral remete às pinturas rupestres, quando o homem pré-histórico eternizou sua marca e presença no mundo.

“Jardim mineral: o avesso da terra ressignifica a extração de minério no estado pela forma como o simples e o bruto podem se transformar em arte, evidencia a identidade do povo e o que as terras de Minas têm para contar. Os pigmentos para produzir a minha própria tinta a óleo vêm de pedras minerais (mica, quartzo e hematita) da cidade do Serro, em Minas Gerais”, explica Ana Elisa Murta.

Artista plástica de BH inaugura instalação que transforma minério em arte |  O TEMPO

Trajetória artística marcada pela responsabilidade social

Toda a trajetória artística de Ana Elisa Murta é permeada não apenas por práticas sustentáveis, como de responsabilidade social. “A extração dos pigmentos, que resultam em um produto livre de toxicidades, é feita por moradores locais, fomentando a geração de renda. Sempre tive uma preocupação com a origem e pureza das tintas e seu descarte. Utilizo ainda outros elementos encontrados na natureza. Ao escolher materiais sustentáveis e adotar práticas responsáveis, busco honrar a natureza e manter o ciclo da vida e da arte em equilíbrio”, descreve.

A arte de Ana Elisa Murta é feita visando um consumo consciente e durável, entendendo que está em constante evolução e em cocriação com quem a adquire. “Meus quadros não são assinados no lado da frente e vêm com penduradores nos quatro cantos da tela, estabelecendo um fluxo que não se encerra em meu ateliê”, ressalta.

“Jardim mineral: o avesso da terra” tem apoio do Ministério da Cultura, Governo Federal, Governo de Minas, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas de Gerais e patrocínio da empresa Herculano Mineração. A exposição seguirá depois para Roma e Dubai.

Sobre Ana Elisa Murta

Nascida em Belo Horizonte, Ana Elisa Murta é uma artista brasileira com foco no expressionismo abstrato. Desde muito nova, ela criava e experimentava com cores e imagens, tendo participado de inúmeras aulas de arte e mantido uma conexão duradoura com o desenho e a pintura como meios de expressar suas emoções e pensamentos mais profundos.

“Quando eu olho para trás, vejo que a arte não surgiu por acaso em minha vida, sempre esteve presente, fez parte de muitos momentos da minha história. A arte não veio para me ajudar a colocar a dor para fora, veio para me lembrar, me reforçar, a beleza que existe no mundo. Hoje eu compreendo que a minha arte não é um processo de dentro para fora, é um processo de fora para dentro”, declara.

Somente depois de se formar em direito e construir uma carreira bem-sucedida no mundo dos negócios que ela finalmente pôde se dedicar intensamente à sua prática artística. Desde 2019, mantém uma agenda artística movimentada, já expôs individualmente em São Paulo, Belo Horizonte, Cascais, Montreux, Pully e Londres. A artista retorna à capital mineira para inaugurar uma nova fase em sua carreira, fortalecendo suas raízes, e já recebeu convites para expor em Roma, nos Emirados Árabes e em outros locais.

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Museu Mineiro

Inaugurado em 1982, o Museu Mineiro reúne em seu acervo um conjunto bastante diversificado de objetos referentes à história e à produção cultural e artística mineiras. Nas salas de exposição são exibidas obras de artistas consagrados, tais como: Manoel da Costa Ataíde, Yara Tupynambá, Amílcarde Castro, Jeanne Milde, Inimá de Paula, Lótus Lobo, Celso Renato, Sara Ávila, Guignard, Maria Helena Andrés, Di Cavalcanti etc.

Atualmente, o Museu exibe a exposição de longa duração “Minas das Artes, Histórias Gerais”, onde o visitante tem a oportunidade de conhecer uma vasta coleção de arte sacra, datada dos séculos XVIII e XIX, além de preciosidades do acervo, como a bandeira da Inconfidência Mineira, os manuscritos originais da obra “Tutaméia” de Guimarães Rosa, o retrato de Aleijadinho e a coleção de santos de devoção popular.

Serviço
“Jardim mineral: o avesso da terra”, por Ana Elisa Murta
Data: De 8 de março a 5 de maio
Horário: Terça a sexta, das 12h às 19h | Sábados, domingos e feriados, das 11h às 17h Local: Museu Mineiro – Av. João Pinheiro, 342, Funcionários – Belo Horizonte
Entrada franca

FONTE: https://www.secult.mg.gov.br/

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